CULTURA, ARTE, EDUCAÇÃO COM ENFOQUE PRINCIPAL NA MÚSICA.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Música na Educação

Com a pretensão de mostrar a importância de se inserir a música como disciplina obrigatória este texto permeia a educação musical com um ponto de vista até filosófico, uma vez que faz dela uma maneira de integrar os conhecimentos, levando-se em consideração o ser humano e suas aspirações individuais, desejos, projetos de existência como pessoa e não somente como cidadãos. Pois o objetivo principal da educação deveria ser o desenvolvimento destas características pessoais, o desenvolvimento do ser humano como um todo, incluindo suas aptidões, anseios, valores, perspectivas, e não somente a sua preparação para o mercado de trabalho, ou sua formação como cidadão. Pois como cidadãos somos todos iguais, mas como pessoas somos diferentes, e isto deve ser levado em consideração para que a educação seja realizada de maneira completa e eficaz. É aqui, na formação da pessoa, do ser humano, que o ensino da música se faz justificável e necessário, uma vez que ela permite a expressão de nossas emoções individuais, de nossos valores.

Até o final da Idade Média a Música era disciplina obrigatória e tinha o mesmo valor curricular que as outras matérias. Com o advento da indústria a sociedade foi mudando e seus valores também e, gradativamente, a música e as artes foram perdendo o valor necessário para sua continuidade no currículo escolar. Os objetivos educativos foram desviando seu preparo para um cidadão mais tecnicista, onde a sensibilidade e a arte eram apenas para os de grande talento. Hoje há uma separação entre arte e ciência, pois há a concepção de que ciência é racional e arte emocional, mas ciência não existe sem imaginação, intuição e arte não existe sem técnica, disciplina. Portanto elas se completam e se precisam. Mas para que a Música volte a ter o valor que tinha até a Idade Média é preciso que o pensamento da sociedade inteira mude e reconheça seu valor incontestável e que ela é tão importante para a educação quanto a leitura ou a matemática. Há, ainda, um aspecto importante a ser resolvido: o de que a educação musical é somente para os talentosos ou para os que querem seguir carreira. Estudamos matemática mesmo sem querer ser matemáticos.

O imediatismo que permeia o pensamento capitalista de nossa sociedade se reflete em todos os setores e, assim, se a criança não aprende rapidamente aquele instrumento logo dizemos que ela não tem talento e que quem não tem talento musical deverá ouvir o que os talentosos executarem. Mas aprender a ouvir é um dos princípios básicos de uma boa educação musical. O ouvir e o fazer música estão lado a lado e devem ser avaliados igualmente.
Assim a música foi estabelecida como uma faculdade somente destinada a uma elite e não mais como uma disciplina necessária para a formação do cidadão. Este pensamento deve ser transformado, pois todos somos seres musicais por natureza, ela é uma linguagem própria do homem e faz parte de nosso corpo. Portanto o estabelecimento da música como disciplina deve ter como objetivo principal a preparação de cidadãos musicais e o desenvolvimento de nossa musicalidade, buscando o caráter transformador que a música possui, uma vez que alcança nossas emoções mais profundas e adormecidas e não o desenvolvimento de músicos de grande talento.

Mas precisamos rever a maneira como esta educação musical pode ser feita para que a alegria e o prazer do ato de ouvir música estejam presentes no ato de se aprender música. Isto acontece muitas vezes pelo uso excessivo e antecipado de uma educação teórica e menos prática da música, a experiência musical deve anteceder a teoria. Para que o entendimento teórico seja mais prazeroso ele precisa ser vivenciado.

A música fez parte de um dos mais importantes currículos da história, o Quadrivium, que perdurou por mais de mil anos. Ele pressupunha uma articulação horizontal entre as seguintes disciplinas: Aritmética, que estudava os números em repouso e se articulava com a Música, estudo dos números em movimento; a Geometria, estudo das formas em repouso, relacionada com a astronomia, estudo das formas em movimento. Além disso, elas estavam associadas a artes metafísicas próprias.
Hoje a organização curricular fundamenta-se no par que Machado denominou multidisciplinaridade/interdisciplinaridade. O currículo escolar é multidisciplinar porque é formado por múltiplas disciplinas, que são autônomas e nem sempre se articulam. A interdisciplinaridade prevê uma articulação entre as disciplinas, com objetivos comuns. Sua relação seria horizontal, sem abandonar os objetivos e métodos intrínsecos a cada uma delas. Seu foco está na articulação entre as disciplinas e não, necessariamente nas pessoas. Assim, o conhecimento por si só não se justificaria, pois as pessoas e seus projetos pessoais devem ser o mais importante na educação.

Já a transdisciplinaridade prevê a organização vertical entre as disciplinas, que se articulam de maneira a privilegiar um objeto maior e mais completo que elas, e seus temas não se limitam a saberes próprios de uma determinada disciplina. Seu objetivo maior é formar as pessoas de maneira completa e abrangente, envolvendo inúmeros conhecimentos, através de diferentes métodos.
Portanto, seria mais coerente que a música fizesse parte do currículo escolar num contexto intra/transdisciplinaridade, onde seja possível sua relação com outras disciplinas, mas também se possa abordá-la de maneira diferente.
Assim, ela poderia estar presente em projetos que a envolvessem de maneira diferente:

1. Música e Corpo: onde o corpo seria o instrumento da prática musical, através de trabalhos com percussão corporal ou dança.
2. Música, Matemática e Física:  poderíamos ensinar estas matérias fazendo e usando as relações existentes entre elas.
3. Música e Palavra: trabalhar a canção popular, usando a articulação entre a melodia e fala na canção.
4. Música e Tecnologia: o uso de softwares, inserindo assim a criança no mundo da informática através da música.
5. Música e Meio Ambiente: usar a relação das pessoas com o meio ambiente para musicalizar.
6. Música e Cultura: Conhecer sua cultura, os artistas locais e culturas de outras regiões.

Este texto é um resumo que fiz, acrescido de minhas próprias idéias.
 
 Divulguem, acatem! Quem sabe conseguimos lançar várias sementes de idealismo?

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